Trabalho Distributivo e Trabalho Remoto não são a mesma coisa
O trabalho remoto é uma disciplina para o trabalhador individual, mas o trabalho distributivo é uma disciplina para toda a organização.
Trabalho Distributivo e Trabalho Remoto não são a mesma coisa. Antes da crise do COVID-19, uma pesquisa com funcionários de escritório da 451 Research mostrou que dois terços das pessoas trabalhavam em casa pelo menos parte do tempo, mas apenas 13% o faziam o tempo todo, porém uma vanguarda de pequenas empresas, principalmente em tecnologia, tem mostrado que é possível administrar com sucesso uma empresa com uma força de trabalho totalmente distribuída. Os exemplos incluem Automattic, o fornecedor de software e hospedagem de sites WordPress, e InVision, o criador do popular aplicativo de design colaborativo. Para essas empresas, o contrato social de trabalho não consiste em aparecer fisicamente, mas em aparecer mentalmente e se engajar plenamente de onde você estiver. Os funcionários se comprometem a fazer parte da equipe e a fazer o trabalho, e o empregador se compromete a tornar isso possível. As empresas que apenas toleram trabalhadores remotos raramente se esforçam para torná-los parte dos ritmos diários e das interações incidentais na sede. É fácil para os funcionários remotos fazerem o trabalho (geralmente com mais foco do que seus colegas locais), mas ainda não são membros plenos da equipe.
O que aconteceria se tudo isso virasse de cabeça para baixo e todos estivessem remotos por padrão?
Uma pesquisa rápida que acabou de ser concluída mostra que 85% das empresas já implementaram políticas de trabalho ampliando o trabalho doméstico e que em 88% dessas empresas, essas mudanças serão para longo prazo ou permanentes.
Isso é uma “mudança profunda na maioria das empresas”.
Quando estamos todos remotos, estamos todos igualmente distribuídos.
A palavra “remoto” não tem sentido se não houver um centro de onde estar remoto e isso tem implicações práticas em termos das ferramentas que usamos para trabalhar juntos, mas também levará as empresas e seus trabalhadores a enfrentar mudanças mais profundas em seu contrato social.
As empresas terão que escolher entre conceder aos trabalhadores mais autonomia e confiança ou aumentar o monitoramento mais abrangente da atividade e do desempenho. Os trabalhadores, por sua vez, terão que escolher para quais empresas desejam trabalhar, com base em como essas decisões os fazem se sentir no dia a dia e em quão eficazes eles acham que podem ser em seus empregos.
De qualquer forma, a adaptação aos desafios do trabalho distribuído em meio a uma crise econômica global exigirá que todas as organizações reequipem suas estruturas operacionais para serem mais fluidas e ágeis.
Os trabalhadores remotos de meses atrás não tinham acesso ao mesmo contexto, informações e oportunidades sociais que os colegas locais, mas as empresas ao serem obrigadas a colocar em campo a força de trabalho totalmente distribuída, passou a ser imprescindível que as ferramentas, tecnologias, práticas de trabalho e comportamentos que fossem implementadas fornecessem uma visibilidade básica nesse contexto para todos, porque todos estariam na mesma posição.
No ápice da polêmica:
De um lado o instinto imediato de muitas empresas por substituir o contexto físico ausente pelo aumento do uso de aplicativos de bate-papo ou videoconferência, como uma alternativa para algo que deveria estar lá, mas não está, apenas um curativo para um problema muito maior.
De outro lado, pesquisas mostram que, mesmo antes dessa crise, os trabalhadores já se sentiam sobrecarregados com muito bate-papo e muitas reuniões. Os não gerentes, em particular, querem mais tempo para se concentrar em seu próprio trabalho e gastar menos tempo no e-mail.