O pilar desse estudo baseia-se na alteração dos layouts de escritórios, fruto das novas formas de trabalho e liderança, onde proporcionalmente as áreas de reuniões, formais e informais tornaram-se mais relevantes em relação às áreas administrativas/operacionais.
Para a estruturação deste pilar há que definir primeiramente os conceitos do novo modelo de liderança e o porquê dessa alteração de gestão ter se transformado em tendência nas corporações.
Inicialmente, a terceirização e a implantação de softwares como substituidoras das execuções de tarefas repetitivas (de padrão definível) e posteriormente a inserção da Inteligência Artificial e o Learning Machine (Aprendizado das Máquinas) derivado desse processo, geraram a substituição de pessoas como executoras dessas tarefas, ou seja, o que pode ser definido padrão e dimensionado matematicamente (algoritmizado) foi implementado e, a partir desses eventos, houve o esvaziamento dos escritórios desse tipo de colaborador, cumpridor de tarefas padronizáveis.
Vale ratificar que, muitas vezes, as tarefas foco dessa substituição configuram níveis de complexidade altos, com diversas variáveis de implementação e execução, contudo o caráter de padronização possível é o definidor de sua exequibilidade.
DANONE – SP) | Fonte: Escritório DANONE
Com os ambientes corporativos escoimados de colaboradores tarefeiros observou-se a consequente “seleção natural” onde os mais adaptados às tarefas não padronizáveis de sinergia, fruto de questionamentos disruptivos ou não, foram valorizados como peças humanas insubstituíveis nos processos de sobrevivência das corporações. Essa valorização gera um novo modelo de liderança corporativa, um modelo mais participativo e colaborativo, por autoridade constituída e não por poder determinado burocraticamente.
Nesse modelo de liderança, as alterações de postura e conduta dos líderes tem se configurado em amplos aspectos como: a participação dos líderes diretamente nos processo de seleção, a aliança aos recrutadores na participação ativa no processos seletivos dos seus funcionários para estabelecer uma conexão com o colaborador desde os primeiros momentos; o aprendizado compulsivo em lidar com a diversidade, com a sociedade muito mais diversas, as empresas e seus líderes foram obrigados a refletir esse contexto na essência de seus quadros e seus processos de decisão e controle; saber equilibrar a esfera profissional e pessoal, o “vício por trabalho” era um valor da escola tarefeira, nesse modelo valorizador de ideias e sinergias o equilíbrio é o foco, e líderes passaram a dever ser admirados, seguidos e confiáveis, consequentemente o sucesso não é mais fruto puro do excesso de trabalho; comunicação aberta e clara é fundamental para que a gestão de equipes funcione bem com resultados satisfatórios para todos; clareza nos objetivos do negócio, é responsabilidade dos líderes empresariais compreender os objetivos gerais da empresa e adaptá-los aos departamentos para que as equipes tenham noção do seu trabalho; estabelecimento de metas claras e alcançáveis; delegação das atividades de forma justa, quantitativa e qualitativamente proporcionalizadas; impreteribilidade da cultura de feedbacks como alinhamento de expectativas.
Resumidamente a pirâmide da liderança se inverteu quanto ao suporte/serviço, as equipes por serem mais qualificadas recebem o suporte do serviço dos líderes, diametralmente oposto ao processo decisório antecessor onde os líderes eram servidos e suportados por suas equipes.
As implicações da aglutinação da valorização das pessoas e das equipes com o modelo de gestão baseado em serviços, alteram os layouts dos escritórios em diversos aspectos, tanto no sentido financeiro de custo por posto, baseado em proporcionar uma experiência excepcional ao usuário valorizado, quanto à preocupação com fatores de percepção e cognição como cores, biofilia e no auge, a aplicabilidade da neuroarquitetura aos projetos corporativos.
Há ainda um outro componente relevante no processo de formação de espaços, a fusão dos conceitos de necessidades de estímulos de encontros de pessoas e suas trocas sinérgicas e disruptivas ao conceito de “multiverso” onde diversos universos coexistem simultaneamente no cotidiano corporativo, com diversos processos sendo conduzidos com intersecções de pessoas em equipes e de equipes em equipes, observa-se que o que era caos para as gerações anteriores, passa a ser cosmos nos novos ambientes. Tanto os softwares de controle quanto os ambientes físicos passam a ter que contemplar essa diversidade.
Studio at AQWA (Rio de Janeiro – RJ) | Fonte: Escritório beerorcoffee
Studio at Concordia (Nova Lima – MG) | Fonte: Escritório beerorcoffee
LINKEDIN – SP | Fonte: Escritório LINKEDIN
Há um paradoxo no contexto, os trabalhos são executados num certo confucionismo corporativo onde todos são parte de um todo, como engrenagens de um grande sistema, contudo há a valorização individualizada de cada engrenagem. A dificuldade de aquisição de mão-de-obra gera ansiedade nos gestores e a possibilidade de ter seu ofício padronizado e mecanizado gera ansiedade nos colaboradores. Como esse paradoxo é momentaneamente indeletável, os ambientes devem se prestar a trazer segurança e conforto a ambos, com referências a segurança dos elementos do passado e das “residências de avós”, ao conforto dos lares e das casas de amigos.
Estas preocupações contemporâneas às corporações, modificam o briefing das empresas ao solicitarem novos ambientes, pois estão preocupadas com espaços que trabalhem em conjunto não apenas características físicas, mas também as sociais e culturais, envolvendo a relação entre as pessoas, as diferentes atividades oferecidas e as rotinas estabelecidas, com foco na saúde e no bem-estar.
Somado ao acima exposto, há a inserção das recentes exigências criadas pela maior abrangência das percepções dos colaboradores quanto ao conceito de conforto e a forma de perceber o espaço e o tempo, derivadas dos impactos gerados na saúde mental e física, por uma rotina e um ambiente inadequados, fruto do enclausuramento do afastamento compulsório, elevam a necessidade por espaços mais “saudáveis”, que ajudem na manutenção do bem-estar. Entenda-se como saudável, tanto o conceito ergonômico puro antropométrico, quanto o ambiente mais adequado aos trabalhos colaborativos que serão realizados nos escritórios.
O tempo de ocupação dos escritórios pode diminuir, mas o tempo dedicado a ele será de maior intensidade, as características do ambiente do escritório passaram a ser pensadas com o intuito de oferecer experiências físico-sensoriais que ajudem na manutenção da saúde física e mental dos colaboradores, derivados dessa maior intensidade, no curto e no longo prazo.
LINKEDIN – SP | Fonte: Escritório LINKEDIN
LINKEDIN – SP | Fonte: Escritório LINKEDIN
LINKEDIN – SP | Fonte: Escritório LINKEDIN
Os ambientes passaram por uma nova divisão de espaços e funções, nos escritórios abertos anteriores, havia a divisão da melhor distribuição de plataformas de trabalho lineares e salas de concentração, as equipes eram divididas e, mesmo seguindo critérios sinérgicos de relação entre as pessoas e equipes, as distribuições eram focadas no melhor aproveitamento quantitativo do espaço.
LINKEDIN – SP | Fonte: Escritório LINKEDIN
Houve a inserção de novas premissas para os projetos com novos conceitos como: oferta de espaços de convívio social para a criação de vínculos entre os colaboradores e entre os colaboradores e a empresa, para o estabelecimento da cultura empresarial e a suposta garantia da colaboração e da troca de informações; oferta de espaços de silêncio e privacidade para momentos que requerem concentração e foco, servindo como um respiro para aqueles que têm uma vida muito movimentada ou que moram com ambientes residenciais sem muita privacidade e silêncio; oferta de espaços estimulantes e diferentes, característica fundamental para a manutenção da saúde e eficiência cerebral no longo prazo, resultando na melhora da memória, no aprendizado e na performance; oferta de espaços e mobiliários não apenas ergonômicos e confortáveis, mas que estimulem o corpo a adotar diferentes posturas em momentos distintos do trabalho. Por exemplo: trabalhar de pé, em banquetas, em cadeiras, poltronas, sofás.
No aspecto do design ativo, a oferta de espaços caminháveis, tanto nos grandes escritórios como uma pista de corrida ou equipamentos para atividade física, quanto nos menores com rotas até uma sala de reunião ou até o banheiro, desde que sejam estimulantes fisicamente ativos, estimulando a circulação e gerando benefícios para a saúde (mental e física).
“Descomplicar do piso ao forro, do mobiliário às divisórias.
Nosso objetivo é entender sonhos, identificar necessidades e obter resultados de uma forma organizada, prática e sustentável”
CEO
.DIKTA